A Conmebol suspendeu preventivamente Felipe Melo, além dos jogadores do Peñarol Nández, Mier e Lucas Hernandez, por três jogos, como consequência dos episódios pós jogo na última quarta-feira. Esta é a pena mínima prevista para situações como a que se viu no estádio Campeón Del Siglo. Os jogadores ainda serão julgados formalmente pelo tribunal disciplinar da Conmebol, de onde sairá a pena definitiva.
Nosso departamento jurídico já preparou a defesa e Leonardo Holanda, advogado do Palmeiras, entregou pessoalmente a documentação na Conmebol na manhã de ontem. Mas pelo visto a tarefa será dificílima: os documentos emitidos pelo árbitro e principalmente pelo delegado do jogo fazem relatos patéticos do que realmente aconteceu e que estão registrados nas câmeras, praticamente canonizando os jogadores do Peñarol e imputando a Felipe Melo a culpa do ocorrido. Diz o relatório do juiz:
“Ao final do jogo, o senhor Felipe Melo, com a camisa 30 do Palmeiras, faz um gesto supostamente de saudação ao céu, gerando reação tanto de jogadores titulares como de reservas do Peñarol, na qual pode se individualizar o senhor Matías Mier, camisa 10 da equipe do Peñarol, que, em atitude provocativa, perseguiu o senhor Felipe Melo. Em um dado momento, ocorre uma agressão mútua entre ambos os jogadores com golpes de punho, o que motiva a reação de outros jogadores de ambas as equipes. Foi difícil identificar quem estava envolvido”
Os pontos destacados apontam que
1) foi a comemoração de Felipe Melo, que pelos vídeos não apontam nenhuma provocação, que geraram reação dos uruguaios; e
2) que o soco desferido por Felipe Melo por estar sendo perseguido por Mier motivou a confusão geral, quando está claro que o pau já estava quebrando – Fernando Prass foi agredido por três uruguaios ao mesmo tempo antes do soco de Felipe Melo.
Para piorar, o relatório do delegado do jogo Mario Campos destaca que Felipe Melo fez o gesto se dirigindo ao banco do Peñarol – o que é claramente uma mentira. Já o relatório do oficial de segurança relata ter mandado fechar os portões de acesso ao vestiário colocando a culpa em quatro seguranças do Palmeiras que invadiram o campo para proteger nossos jogadores.
Ainda nesse relatório, o funcionário da Conmebol diz que os santos jogadores do Peñarol tentavam acalmar seus torcedores, que estavam envolvidos em outro conflito com nossa torcida – depois de atirarem bombas e objetos o tempo todo. Não é mencionada a agressão sofrida por Willian dentro da área nos segundos finais da partida, ainda com a bola em jogo, nem o cerco de Nandez e Quintana sobre Felipe Melo assim que o juiz deu o apito final, nem a agressão tripla sofrida por Fernando Prass.
A Conmebol historicamente defende os clubes de língua espanhola contra os brasileiros. Os relatórios fazem o possível para abrandar a responsabilidade do Peñarol – jogadores e clube – e carregam contra tudo que estava vestindo verde.
Em meio a tudo isto, é estarrecedor o posicionamento de parte da imprensa brasileira, que reverbera a versão de que Felipe Melo foi o causador da confusão, embora exista uma porção importante que isente o jogador e o Palmeiras de qualquer responsabilidade.
Cadê a CBF?
Pior do que a já esperada perseguição da ala clubista da imprensa é o silêncio absoluto da CBF, entidade cuja existência está apoiada na defesa dos interesses dos clubes brasileiros interna e externamente. Não houve nenhuma menção, muito menos repúdio aos ocorridos no site oficial ou nas redes sociais da entidade. Diante desta omissão, o Palmeiras fica completamente à mercê da vontade do tribunal da Conmebol, dependendo apenas de sua própria capacidade de defesa.
Sem apoio da CBF, sendo atacado pelos clubistas da imprensa, o Palmeiras segue seu caminho rumo a conquista da Libertadores, um campeonato que tem tudo para ser o mais legal do planeta, mas que segue capengando pela falta de profissionalismo dos dirigentes da Conmebol, incapazes de garantir seriedade compatível com a quantia de dinheiro que movimentam. Na várzea é muito mais organizado.
Esperem para ver as arbitragens de nossos próximos jogos.