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Fortaleza 3x0 Palmeiras

Numa noite em que tudo deu certo para o Fortaleza e nada funcionou para o Verdão, o Palmeiras foi derrotado por 3 a 0 pelo time da casa e caiu para o quarto lugar na tabela – é verdade que segue a apenas um ponto do líder, que também foi derrotado na rodada.

A derrota interrompeu uma sequência de cinco vitórias do Palmeiras, que precisa se reerguer rapidamente porque tem um Derby pela frente na próxima rodada e não terá dois titulares que estavam pendurados, removidos do clássico por cartões duvidosos mostrados esta noite pelo árbitro carioca Alex Gomes Stefano.

Abel Ferreira seguiu com o planejamento de gestão de energia e tirou do time titular Raphael Veiga e Estêvão. Talvez tenha enfraquecido o time demais de uma vez só, mas não sabemos em que ponto de desgaste estavam os dois jogadores. Na escalação, uma escolha polêmica: Caio Paulista na ponta esquerda, deslocando Gabriel Menino para o meio, na função de Veiga. Na direita, nenhuma surpresa: Mayke.

Abel poderia ter optado por Vanderlan na ponta esquerda. Ou Jhon Jhon. Ou mesmo podia ter mantido Gabriel Menino e colocado Jhon Jhon por dentro, no Veiga. Ou mesmo sair de cara com Flaco López nessa função. A escolha de Caio Paulista pode ter outras raízes – a mais provável é a gestão de elenco, onde Abel procura oportunizar a todos. Mas o camisa 16, mais uma vez nulo, nitidamente desencaixado do resto do conjunto, parece ter esgotado todas as suas chances nesta partida e precisa de reciclagem.

Mesmo com problemas no lado esquerdo, o Palmeiras começou muito melhor, com mais volume, e poderia ter chegado à abertura de contagem aos 4 minutos, com Gabriel Menino, que conseguiu dominar uma sobra dentro da área, frente a frente com João Ricardo, mas chutou em cima do goleiro, que desviou a escanteio. O primeiro erro fatal do Verdão no jogo.

Aos 8, Naves errou uma invertida e o Palmeiras foi pego desarmado. Lucero avançou pela meia esquerda, cercado por Murilo, entrou na área e bateu num espaço muito estreito, mas foi certeiro: a bomba, de baixo para cima, passou por Weverton, que estava fechando o ângulo mas acabou vencido.

O Palmeiras não se abalou com o gol e seguiu o plano de jogo, mas esbarrava em noites muito ruins de Caio Paulista e Gabriel Menino. Os cruzamentos, tanto de Piquerez pela esquerda quando de Mayke, Marcos Rocha e até de Aníbal Moreno pela direita, eram bons, mas não encontravam a cabeça de Flaco López – o argentino aguardava sua chance no banco enquanto Rony corria loucamente pela área tentando achar espaços.

Aos 39 minutos, Gabriel Menino foi substituído aparentemente por sentir algo no abdômen. Se estava mesmo sentindo algo, veio a calhar para todos, A entrada de Flaco López deu uma movimentação muito melhor ao time e ainda tornou os cruzamentos bem mais perigosos, potencialmente. Mas o primeiro tempo terminou mesmo em 1 a 0 para o time da casa.

Abel mexeu no intervalo e mais uma vez fez uma escolha questionável. A entrada de Raphael Veiga no lugar de Naves pode ter sido para poupar o jovem zagueiro, após a falha no primeiro gol. Ou pode apenas ter sido uma escolha para dar moral a Caio Paulista. O fato é que Piquerez passou a zagueiro, Caio virou lateral e nosso lado esquerdo da defesa ficou bastante comprometido – simplesmente colocar o Veiga no lugar do Caio Paulista talvez tivesse sido uma melhor escolha.

O Verdão, ainda assim, já ensaiava uma pressão quando tomou o segundo gol, exatamente em cima do lado esquerdo de nossa defesa: Yago Pikachu rolou para  a chegada de Lucero, que da meia-lua disparou um canudo, que entrou zunindo no ninho da coruja, do lado esquerdo da meta de Weverton. Inapelável.

O gol teve um efeito moral importante, mas o Palmeiras ainda estava vivo. Abel então fez um movimento corajoso, que já havia feito em Barueri, na derrota para o Athletico-PR: deixou o time com apenas um zagueiro, finalmente sacando Caio Paulista, para a entrada de Dudu. Estêvão entrou no lugar de Marcos Rocha, e Mayke ficou do lado direito da zaga. Perdido por dois, perdido por dez.

O Palmeiras cresceu e efetivamente exerceu uma pressão maior ainda sobre o Fortaleza, que seguiu seu plano de jogo, simples, manjado e efetivo: se manter encolhido, aguentar a pressão, fazer o relógio andar e tentar explorar a velocidade para marcar mais gols.

Aos 25, Bruno Pacheco conseguiu imprimir velocidade entrando da esquerda para o meio, Mayke o perseguia mas não fez a falta, e o lateral chutou da entrada da área, mais uma vez com muita felicidade, para colocar a bola no canto esquerdo de Weverton. Eles estavam acertando tudo.

O Palmeiras estava zonzo, mas se recusava a cair. Mas após dois ataques consecutivos, numa falta bem batida por Raphael Veiga que João Ricardo mandou a escanteio, e num chute de Piquerez após a cobrança do tiro de canto, que a bola passou a dois dedos do ângulo direito gol do Fortaleza, o Palmeiras entregou os pontos, enfim, nocauteado. O moral do time se esvaiu a 15 minutos do fim e o que se seguiu foram tentativas protocolares de parte a parte.

Abel seguiu o necessário plano de gestão de energia, mas fez escolhas duvidosas. Não sabemos suas razões, mas o resultado em campo não foi bom. Caio Paulista jamais mostrou a que veio. Gabriel Menino já fez bons jogos na função de armador principal, mas jamais havia jogado tão mal. E durante a partida, Naves, mesmo tendo falhado no primeiro gol, não parecia estar com o moral comprometido e não precisava ter sido sacado.

Anda assim, o Palmeiras poderia ter saído vencedor, já que o placar foi construído circunstancialmente. O Palmeiras dominou a bola, teve mais finalizações, obrigou o goleiro deles a fazer mais defesas, mas quem acertou tudo foram os jogadores do Fortaleza, que ainda usaram o apoio da torcida para se imporem moralmente no gramado. Parabéns ao Fortaleza, que soube explorar as brechas dadas pelo Palmeiras.

Jogos assim exigem que a regra das 24 horas seja colocada em prática à risca. Vamos lamber as feridas por um dia, entender os problemas, corrigir e já focar no Derby. Uma boa vitória apagará esta noite absolutamente infeliz do Palmeiras. Bons esportistas sabem ganhar e sabem perder. É hora de dar esta triste demonstração. Faz parte. VAMOS PALMEIRAS!

Ficha Técnica

Escalação

Fortaleza

João Ricardo
Tinga
Brítez
Cardona
Bruno Pacheco
Pedro Augusto
Hércules
Zé Welison
Lucas Sasha
Yago Pikachu
Felipe Jonatan
Lucero
Renato Kayzer
Machuca
Pedro Rocha
Juan Pablo Vojvoda
TÉCNICO


Primeiro tempo

5'
Palmeiras

QUE CHAAANCE! Murilo descolou excelente lançamento pelo alto para Gabriel Menino, que ficou cara a cara com João Ricardo; o goleiro cresceu na frente de Menino e fez grande defesa.

8'
Fortaleza

Gol do Fortaleza. Luchero recebeu na meia esquerda, encarou a marcação de Murilo, puxou para a perna esquerda e soltou um balaço no canto direito de Weverton, na primeira chance da equipe cearense.

23'
Fortaleza

SALVA, WEVERTON! Machuca recebeu passe pelo alto do lado direito do ataque, passou nas costas de Zé Rafael, invadiu a área e bateu cruzado, com muito perigo, mas Weverton fez boa defesa e espalmou para escanteio.

30'
Palmeiras

Piquerez cruzou na área para Gabriel Menino, que cabeceou com liberdade, mas a bola saiu à esquerda do gol.

38'

Entrou: Flaco López
Saiu: Gabriel Menino

48'
Palmeiras

UUUUUHHHH! Flaco López recebeu na intermediária, girou e bateu firme de perna esquerda; com desvio, a bola passou raspando na trave direita de João Ricardo e saiu em escanteio.

Protocolar, Alex Gomes Stefano apitou o fim da primeira etapa.


Segundo tempo

Entrou: Raphael Veiga
Saiu: Naves

3'
Fortaleza

Gol do Fortaleza. Pikachu rolou no meio para Luchero, que bateu de primeira no ângulo esquerdo de Weverton e marcou um belo gol.

15'

Entraram: Dudu e Estêvão
Saíram: Caio Paulista e Marcos Rocha

27'
Fortaleza

Gol do Fortaleza. Bruno Pacheco recebeu passe na intermediária, passou no meio de dois marcadores, invadiu a área e bateu cruzado, rasteiro, no canto esquerdo de Weverton.

30'

Entrou: Vítor Reis
Saiu: Murilo

30'

Com dores, Murilo deixou o campo mancando. Victor Reis entrou para sua primeira partida pelo time profissional do Verdão.

32'
Palmeiras

QUASE UM GOLAÇO! Raphael veiga cobrou falta da meia direita e acertou o canto esquerdo de João Ricardo, que fez grande defesa e espalmou para escanteio.

33'
Palmeiras

UUUHH! Piquerez recebeu pela meia direita, cortou para o meio e bateu forte, com curva e levou perigo, mas a bola saiu à direita do gol.

49'

Alex Gomes Stefano apitou o fim de uma partida onde tudo conspirou a favor do Fortaleza, inclusive ele mesmo.



Notas


Jogador
Descrição
Nota
Weverton
Sem chances em nenhum dos gols.
6.5
Marcos Rocha
Partida discreta e correta, sem comprometer.
6
Estêvão
Parecia um tanto preso, intimidado pelas circunstâncias.
6
Naves
Falhou no primeiro gol. Um bom batismo. Precisa aprender a reagir a este tipo de situação, que faz parte da carreira de qualquer zagueiro.
4.5
Raphael Veiga
Entrou imbuído, mas não conseguiu levar o time à reação.
6.5
Murilo
Parecia um tanto abaixo do normal em todo o jogo, talvez já sentindo o incômodo que o tirou do jogo?
5.5
Vitor Reis
Entrou numa roubadaça: o time perdendo de 3 a 0, com apenas 3 defensores, sendo ele o central, o único zagueiro-zagueiro. E não é que ele se saiu muito bem?
7.5
Piquerez
Alguns bons cruzamentos, mas acabou batido no lance do segundo gol.
5.5
Aníbal Moreno
Fazia uma partida do nível que estamos habituados, mas levou um amarelo injusto (está fora do Derby) e se desestabilizou um pouco.
6.5
Zé Rafael
Perdeu uma cobertura para Machuca no início do jogo, mas de resto fez um jogo aceitável.
5.5
Mayke
Não mostrou a força habitual, facilmente marcado pelo Bruno Pacheco, que agradeceu e fez o nome.
5
Gabriel Menino
Desempenho irritante, com erros bobos e reações egoístas, colocando-se acima do time. Muito mal.
4
Flaco López
Deu mais volume ao time e um propósito aos cruzamentos.
6.5
Caio Paulista
Dá até pena. Ele não se acha. Está recebendo muito mais chances do que já fez por merecer.
3
Dudu
Ainda muito tímido, parece estar com falta de confiança após a seríssima lesão. Talvez precise de apoio psicológico para se soltar.
5
Rony
Partida padrão, incluindo dois impedimentos perfeitamente evitáveis.
6
Abel Ferreira
Abel Ferreira
Tentou, mas errou. A maior parcela de culpa do resultado recai sobre suas escolhas. Mas erra por ação, jamais por omissão. Coragem não falta.
5




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